A visão feminina do mundo da bola no Pará.

segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

Qual o preço de torcer?


    No futebol moderno parece que é bem alto.
Torcida do Palmeiras protestando pelos altos preços de ingressos (Foto: Divulgação)
06 de março, Remo e Paysandu duelam pela final do 1º turno da Taça Cidade de Belém (campeonato paraense). Um clássico que será marcado pela ausência de todos, pela presença de alguns. Com ingressos a 70,00 e 140,00 arquibancada e cadeira respectivamente e entrada liberada para os Sócios Torcedores.
As diretorias dos clubes optaram por um espetáculo quase que restrito a um determinado público. Esquecem que num passado não tão distante, o torcedor que carregou o time nas costas era medido pelo tamanho do seu amor e não pelo seu poder aquisitivo.


Segundo o IBGE , Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) publicada nesta sexta-feira, 26 de fevereiro, a renda per capita do paraense é de R$ 672,00, a menor do país. De acordo com o nosso consultor, Renato Bitencourt, são aproximadamente 3 dias (25 h) trabalhados  para o torcedor paraense poder adquirir o ingresso.

Sabemos que há custos, e que a receita deve ser alta para cobrí-los. Mas não haveria alternativa? Aprovada pelo congresso em outubro de 2013, a Lei da Meia-Entrada  (Lei 12.933/2013) entrou em vigor no dia primeiro de outubro de 2015. Esta lei permite o acesso de estudantes, jovens de baixa renda e pessoas portadoras de deficiência a eventos artísticos e culturais, pagando metade do valor do ingresso. Com a nova regra, ficam assegurados 40% do total de ingressos dos eventos para concessão da meia-entrada. Para o jogo de domingo, as resevas de meias-entradas ainda não foram definidas, mas baseadas nos últimos jogos de Remo e Paysandu pelo campeonato paraense, as reservas estarão longe de atingir a meta definida por lei.

E quanto mais paramos para pensar, mais nos perguntamos “Em que momento nossos times se tornaram mais empresa que clube?”, “Em que momento nosso bolso passou a ser mais importante que nosso coração e nossa voz?” Pedimos ingressos a preços coerentes ao futebol apresentado pelos times, e coerente principalmente a fidelidade dos torcedores paraenses, torcedores que mesmo nos momentos mais difíceis não abandonaram seus clubes amados.

Parece que o som que os nossos dirigentes mais almejam escutar no dia do jogo não é o da torcida em coro empurrando o time, mas o de uma caixa registradora. Transformar a torcida a meras cifras é matar o futebol aos poucos.

O paradoxo do futebol moderno faz suas primeiras vitimas. Não, não somos românticas saudosistas, mas queremos um futebol mais justo e acessível, foi para isso que este blog foi criado, para dar voz aos nossos anseios, e impedir que façam do futebol um mercado de poucos. Que não sejamos definidos por nosso gênero, cor, ou rendimento monetário. Lutamos para que o único critério para ser torcedor seja o amor pela camisa.

Não à elitização do futebol!
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2 comentários:

  1. Na Europa há muitos protestos por preço de ingresso também.
    Mas com ingressos altos, times milionários, seleções mundiais.
    Um ingresso para um jogo do Bayern de Munique na Champions custa 270 euros, ou seja, R$ 1 mil.
    Não à elitização = Não há cobranças de resultados. Simples assim.
    Não se faz obra, política ou futebol sem dinheiro, não se faz.
    E eu prefiro 1 milhão de vezes ver o meu clube sustentado pelos seus torcedores do que receber dinheiro do Governo ou de algum endinheirado que vai tirar depois tudo que um dia investiu no clube.
    Quer resultados, quer time na Elite tem que elitizar sim.
    É questão de escolha!
    Eu quero meu time na elite e pago com maior prazer pra isso, mesmo que corte outros gastos.
    E vocês? O que escolhem?

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    Respostas
    1. Utilizando o exemplo citado, o Bayer de Munique tem um dos menores custos do mundo. Enquanto o paraense precisa trabalhar quase 25 horas para conseguir o dinheiro do ingresso, o alemão em média trabalha somente 1h e 48 min. O custo do ingresso deve ser analisado de acordo com o perfil economico do torcedor, e não somente numeros por numeros ( http://epoca.globo.com/vida/esporte/noticia/2015/08/elitizacao-do-futebol-ingresso-brasileiro-e-o-mais-inacessivel-do-mundo.html ) fora que em parte dos países europeus que tem no futebol um do seus principais esportes, em fins de campeonato a arena lotada é priorizada mesmo que signifique uma menor receita. Somos a favor do Sócio Torcedor, mas tem que haver bom senso, outras formas de fidelizar o ST sem afastar os demais torcedores. E quanto a escolha, uns simplesmente não tem.

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