A visão feminina do mundo da bola no Pará.

quinta-feira, 27 de julho de 2017

A conturbada história do Futebol Feminino que podemos ajudar a reescrever

Rejeitado pela sociedade, o Futebol Feminino tem uma história conturbada no Brasil. Uma história recheada de preconceito que nos mostra que as dificuldades para praticar o desporto, ainda presente nos dias atuais, sempre existiram.

Em 1913 ocorreu a primeira partida “feminina” de futebol, num evento beneficente. As aspas se fazem necessárias porque, por um tempo, se pensou que este havia sido um jogo realizado só por mulheres, mas na verdade, entre os participantes havia homens vestidos para parecerem como uma, misturados a algumas, e poucas, mulheres. O primeiro jogo, de verdade, só ocorreu em 1921.

O esporte foi ridicularizado, foi exibido em circos, como uma “atração curiosa”. Já que para a socidade, era considerado “absurdo” que as mulheres participassem disso. O Futebol Feminino definitivamente não agradava as famílias conservadoras e por isso, no dia 4 de abril de 1941, na Era Vargas, surgiu o Decreto-Lei 3199, proibindo o esporte, junto de alguns outros, por ser considerado “incompatível com a natureza feminina”.
(Foto: Correio do Paraná/Reprodução)
Anos depois da proibição, em 1958, surgiu o primeiro time profissionalizado, o Araguari Futebol Clube. Porém não durou mais do que um ano, por pressão das freiras e dos religiosos, que fizeram o Decreto-Lei valer. Este só foi revogado em 1979. Foram 38 anos de preconceito gritado e depois deles, já vieram mais 38 de preconceito velado.

Porém, há quem diga que os tempos estão finalmente mudando para essas mulheres, que enfrentam de tudo para conseguir se tornar atletas. Na tarde do dia 26 de julho de 2017, tivemos a esperança de que isso fosse verdade. O Pinheirense levou cerca de 12 mil pessoas a Curuzu, na final da Série A2 do Brasileirão Feminino, num estádio com capacidade de 16 mil. Foi o maior público do estádio no ano. As filas intermináveis em volta do estádio e a imprensa em peso fizeram brilhar o olho dos amantes deste esporte que viram, finalmente, a valorização dele. Ao fim do jogo, a pergunta foi: isso vai durar?
(Foto: Marcelo Maciel)
Quem acompanhou o Campeonato desde o começo e buscou informações sobre o Brasileirão Feminino na grande mídia não teve retorno. Os locais e horários dos jogos não foram informados e, na primeira fase, sequer foi mencionada, por segundos que fossem, a situação dos times paraenses nessa Série A2. Sem notinha de rodapé. Nada. A jogada da mídia permaneceu a mesma: ignorar o esporte. Mas mesmo sem esse apoio e sem essa visibilidade, o Pinheirense garantiu o acesso (e foi campeão) e a Tuna só não passou para as fases finais por culpa do saldo de gols.

Imagina então se falassem mais, se elas pudessem ser mais mostradas e por conta disso, conseguissem um grande patrocínio. Imagina se elas pudessem fazer do futebol, o único meio de sustento, como acontece no masculino, sem precisar trabalhar em outros locais para manter o sonho.  

Imagina se nós pudermos fazer algo para mudar a situação que se encontra o Futebol Feminino, mostrando para a mídia que nós queremos saber sim, nós queremos que elas sejam mostradas e noticiadas, queremos saber quando tem jogo e onde ele vai ocorrer, porque nós queremos estar lá. Imagina se alguns de nós pudesse escolher não fazer certos comentários, escolher não propagar o preconceito. É… tudo isso nós podemos. Sim, nós podemos nos tornar responsáveis por reescrever toda essa história conturbada e cheia de preconceito. Basta querer. Querer fazer parte, querer ser o apoio que elas precisam.
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